domingo, 6 de abril de 2014

Child of Light

Contos de fadas são histórias voltadas para crianças. No entanto, se os analisarmos friamente, veremos que há elementos sombrios, incômodos e que chamam a atenção dos adultos. O que nos atrai nestas histórias é como os protagonistas conseguem superar as adversidades sobrenaturais e atingir o final feliz.
Por isso, Child of Light aparenta ser um acerto da Ubisoft Montreal. Os primeiros 30 minutos do game são puro conto de fada, tanto nos elementos fantásticos otimistas como em detalhes sombrios.
Aurora, filha de um duque da Áustria, tem sua morte declarada logo no trecho inicial de narração. Mas a garota acorda em um mundo fantástico chamado Lemuria. Cheia de incertezas sobre o local, a heroína quer fazer o necessário para reencontrar seu pai. A missão do jogador é controlá-la nessa jornada.
O game usa a UbiArt Framework, mesma engine de Rayman Legends, e consegue superar o jogo do ano passado em beleza. Os cenários detalhados lembram aquarelas, algumas vezes com contorno indefinidos. Parecem saídos de um livro infantil antigo. Ao contrário do que é esperado de um produto para crianças de hoje em dia, não haverá cores vibrantes e chamativas. A ideia é manter o ar melancólico dos contos tradicionais.
Esse tom é mantido nas conversas entre Aurora e o vagalume Igniculus. A ingenuidade do parceiro é comovente em alguns momentos, como quando a protagonista chora e ele pergunta por que a água cai sem chuva.
Todos os diálogos do game são apresentados em rimas. Isto torna a tradução para o português mais complexa, mas a Ubisoft abraçou o projeto e localizou o jogo para o Brasil. No trecho testado pelo Omelete, não houve problemas em relação a isso.
Esta forma de apresentação da narrativa torna Child of Light um game com potencial para unir pais e filhos, lendo as falas como um poema ou livro infantil jogável. Soma-se a isso o modo cooperativo. Enquanto um jogador toma o controle de Aurora, outro domina Igniculus, que a auxilia na jornada. Também é possível controlá-lo no modo single player, usando a alavanca direita do controle.
Quando Aurora e Igniculus circulam pelo mundo, o jogo é de plataforma. Alguns passatempos leves servem para liberar o caminho e continuar a história. Nos primeiros deles, foi necessário arrastar caixas e brincar com as sombras produzidas pelo vagalume.
Mas a parte infantil termina aí. As batalhas, por mais que sejam acessíveis a jogadores não familiarizados com RPGs, têm profundidade suficiente para cativar um fã do gênero. Na parte inferior da tela, há uma barra mostrando quanto tempo falta para executar uma ação - uma espécie de active time battle dos RPGs japoneses clássicos.
Saber lidar com o tempo é uma das principais habilidades requeridas no começo do jogo. Acionar a luz de Igniculus faz com que o inimigo carregue suas ações mais devagar, dando prioridade a Aurora. Além de cegar os oponentes e diminuir sua velocidade, Igniculus pode passear pela tela coletando globos de luz. Eles recarregam os pontos de magia e também o poder mágico do vagalume, pois seu brilho só pode ser usado temporariamente.
Atacar enquanto o oponente carrega uma ação pode cancelá-la, e há diferentes tempos de espera para as habilidades. Por isso, é importante calcular suas ações pensando na demora - afinal, o oponente pode atingi-lo antes, cancelando um golpe importante.
Ao vencer uma batalha, a protagonista ganha pontos de experiência e sobe de nível como em um RPG tradicional. A cada nível, é possível escolher uma nova habilidade em uma tela semelhante ao sphere grid de Final Fantasy X. Selecionar uma melhoria de combate faz com que outros ataques sejam liberados.
Mesmo com algumas modificações e novas abordagens, os role playing games têm sido aproveitados nos últimos meses como não eram há tempos. O próprio South Park: The Stick of Truth, da Ubisoft, é um exemplo, assim como o mais tradicionalista Bravely Default. É de se esperar que Child of Light seja mais um bom título, que atraia mais fãs às clássicas batalhas por turno. Estamos precisando de novos (e bons) RPGs.
Child of Light chega em 30 de abril às plataformas PlayStation 3PlayStation 4Xbox 360,Xbox OneWii U e PC. No Brasil, o game custará R$ 35.




Via Omelete/Míriam Castro

Nenhum comentário: