Desde que mostrou suas primeiras cenas, ainda incompletas, durante a Comic-Con em julho de 2012, a ficção científica Elysium, dirigida por Neill Blomkamp (Distrito 9), se manteve em sigilo. Agora, nesta semana em que revela o primeiro trailer na web, a Sony Pictures aproveita para exibir à imprensa 10 minutos do filme, numa sessão com as presenças de Wagner Moura e Alice Braga.
Elysium se passa em 2154, quando na Terra só sobraram os pobres; os ricos vivem na estação orbital que dá nome ao filme. Esse vídeo de dez minutos esclarece alguns pontos que a prévia da Comic-Con, com seis minutos a menos, havia deixado no ar. O protagonista Max da Costa (Matt Damon) não é simplesmente um coitado operário de fábrica; ele é visto aqui respondendo aos androides policiais com sarcasmo, tem um histórico de roubo a mão armada e, como a maioria da população que sobrou em Los Angeles, é um cara forte e cheio de tatuagens.
(A trama na Terra não se passa na Cidade do México, como poderia sugerir o vídeo da Comic-Con, e sim no "Condado de Los Angeles", como esclarece o letreiro da repartição pública onde Max vai buscar seus poucos direitos de cidadão.)
Depois da sessão, Moura diz que Spider não é apenas um hacker e traficante de armas e tecnologias que despreza Elysium. Ele é também uma versão no século 22 dos chamados "coiotes", os transportadores de imigrantes ilegais da fronteira México-EUA. Spider é um inconformado que opera à margem do sistema, ignorando o papel que reservaram aos humanos que restaram na Terra. Spider consegue contrabandear pessoas para dentro de Elysium, mas Moura diz que o personagem, em si, não tem a ambição de ir para Elysium.
Viajar da Terra para a estação orbital não é fácil. No começo do vídeo vemos duas naves se arriscando na travessia ilegal, e a personagem de Jodie Foster, a Secretária Rhodes, presidente de Elysium, ordena de lá de cima que as naves sejam destruídas. Por rádio ela se comunica com Kruger (Sharlto Copley), um aparente mendigo andarilho que, debaixo de sua túnica em farrapos, tira uma bazuca. Da superfície da Terra, ele dispara dois tiros que se tornam mísseis orbitais, e Kruger destrói as naves ilegais.
Voltando à narrativa, vemos a operação que dá a Max seu exoesqueleto ("com força equivalente à de um androide", diz Spider) e que amplia por algum tempo sua expectativa de vida. O personagem precisa de Elysium para procurar uma cura, mas a prévia de dez minutos não toca muito nisso. Na verdade, a cena mais extensa é o momento, depois da cirurgia, em que Max - ajudado pelos companheiros de Spider, entre eles o ator que vive Martinez em The Walking Dead- ataca num descampado poeirento a nave de um milionário (William Fichtner) que tem trânsito livre entre a Terra e Elysium. Obter os dados da cabeça desse milionário é o caminho para Max viajar para Elysium, e é essencial para Spider ter acesso à rede de segurança da estação espacial. Antes de ter seu crânio ligado ao de Max por um cabo de rede, o milionário diz: "Você não tem ideia do que está fazendo".
O trecho de ação mais catártico nessa cena é quando Max usa uma metralhadora modificada - parece um fuzil AK-47 com disparador laser embutido - para se proteger dos androides do milionário. (Embora o longa se passe em 2154, a tecnologia de hoje em dia ainda é identificável no filme, como se a população da Terra tivesse que viver de ferrugens, destroços e armamentos defasados por mais de um século.) Então, com esse fuzil semimoderno, Max solta três disparos em câmera lenta, e as balas explodem pouco antes de chegar ao androide, formando um campo de energia que atinge o robô como uma onda. Corta para o lado de trás do androide, e vemos ainda em camera lenta o robô sendo despedaçado em mínimas partes.
Essa cena tem muita poeira, o que lembra bastante Distrito 9, mas dois ou três automóveis modificados remetem a Mad Max. De novo, a tecnologia parece mais próxima de nós, com pequenas modificações. Até o armamento usado na África do Sul de Distrito 9 parecia mais desenvolvido, em termos de design, do que o arsenal de Max e Spider.
Pela prévia, parece que a ação na Terra será tão frequente quanto em Elysium. Ao fim do vídeo vemos a nave de Max caido num jardim de Elysium e depois relances muito rápidos de correria em corredores da estação orbital. Mas vamos ficar por aqui para evitar spoilers.
Embora tenham falado com o público (formado por jornalistas e convidados) por quase meia hora, Alice Braga e Wagner Moura conseguiram manter segredo sobre o filme. Moura diz que cruzou com Jodie Foster no set, mas não divide nenhuma cena com ela - podemos especular que Spider não terá cenas fora do seu quartel-general - e Alice diz que Frey é só a mocinha da história e não se envolve demais na ação. O diretor pediu que a brasileira falasse algumas frases em espanhol em meio aos diálogos em inglês, mas a nacionalidade dos personagens nunca é esclarecida. Uma particularidade de Frey é que, como médica, ela tem trânsito livre entre a Terra e Elysium.
Já Spider... Questionado sobre as intenções do seu personagem - que na época da contratação de Moura era descrito como um vilão - o ator tentou desconversar: "É difícil dizer sem entregar muito. Mas o personagem é complexo, e maniqueísmo nunca é legal [para um ator]. Ele não é bom nem mau".
Como o núcleo de personagens da Terra tem bastante espaço, os atores brasileiros aparecem bastante. Essa é a impressão que fica pela prévia (que não foi montada especificamente para o Brasil; é a mesma que foi exibida hoje nos EUA). Vamos ver se o trailer que sai nesta terça revelará muito mais.
A Sony Pictures lança Elysium em 20 de setembro no Brasil.
Via Omelete/Marcelo Hessel
Via Omelete/Marcelo Hessel
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