Em conversa com a imprensa durante a Comic-Con 2012, o diretor Guillermo Del Toro e seu elenco principal apresentaram o filme de monstros e robôs gigantes Pacific Rim.
Del Toro explicou a premissa do filme, que ele garante tê-lo salvado de uma depressão depois do cancelamento de sua produção anterior. "Sofri muito com o colapso de Nas Montanhas da Loucura. Fiquei devastado. Tinha o filme todo desenhado, todos os sets pensados,todos os produtores no lugar e astros quase contratados, inclusive Tom Cruise. Foi muito, muito difícil aceitar que ele não seria feito. Fiquei à beira de uma depressão. Pacific Rimme salvou dela", contou. "Nesse filme, em 2013, uma brecha se abre no fundo do Oceano Pacífico, de onde saem monstros colossais que atacam a humanidade. A razão dessas criaturas estarem nos atacando é desconhecida e parte da trama. Elas sequer são baseadas em carbono, são baseadas em silicone. Quem são, de onde vêm, essas são as perguntas do filme".
"Com Pacific Rim eu pretendo fazer um ideal adulto das coisas que me atraíam quando eu era criança. Há algo de incrível nessa ideia de robôs gigantes que você veste e te dão a força que você precisa para enfrentar monstros colossais. Minha inovação para o gênero será a fusão de pilotos, que inventei. Nela, duas pessoas terão que trabalhar juntas para comandar cada metade do robô. Eles precisam agir como um só", seguiu Del Toro.
Um desses pilotos é vivido por Charlie Hunnan, que exaltou a qualidade do set. "Eu não tive que imaginar muito, já que Guillermo gosta de criar tudo de verdade ele mesmo, no set. Há pouca computação gráfica no nível dos humanos. O mundo é muito distante de tudo o que eu já fiz, mas o personagem é um humano comum, com sentimentos normais em uma situação extrema. E isso é amplificado pela necessidade da fusão, de se relacionar em um nível de enorme intimidade com o seu copiloto".
O ator, porém, garante que tal realismo envolve um desafio físico como poucos. "Em termos de fisicalidade, esse foi, sem a menor possibilidade de comparação, o filme mais difícil que eu já fiz. Há um aparato que usamos para controlar os robôs que, entra dia e sai dia, vai minando você fisicamente. É brutal".
"Você vê caras gigantes, feito Idris Elda e Charlie, sofrendo e reclamando lá, mas a única que nunca reclamou, que ficou firme o tempo todo, foi a Rinko! Eu queria que eles se sentissem controlando um robô gigante como se fosse de verdade - e funcionou. Eu adoro torturá-los", brincou Del Toro.
Hunnan, porém, foi só elogios a seu torturador. "A maioria dos filmes de hoje parecem criados especificamente com o objetivo de gerar o máximo de dinheiro, não é o caso aqui. Guillermo é apaixonado e esses filmes são frutos dessa paixão, saem de seu coração".
O cineasta também explicou seu estilo de filmes e de trabalho. "Eu só sei fazer filmes de uma única maneira: pegar ideias impessoais pelo tema e torná-las pessoais. Filmes como este costumam parecer vídeos de recrutamente militar. O que eu estou fazendo mostra um mundo difícil de viver, sem cor, cheio de drama. Eu nunca tinha feito um filme nessa escala, mas tomei isso como um desafio pessoal - e consegui terminá-lo antes do prazo e abaixo do orçamento, sem sacrificar nada da minha visão artística. E sempre me senti tendo a melhor experiência cinematográfica da minha vida! Me diverti muito em cada etapa do processo".
Del Toro, porém, parece ter preferência pelos monstros gigantes em detrimento dos robôs - mas para demonstrar seus "sentimentos" ele criou uma maneira de relacioná-los diretamente aos seus pilotos. "Eu não confio em tecnologia, mas sou fascinado por ela. Eu dirijo o mesmo carro há 10 anos, ele tem nome, "El Guapo", e eu o amo. Vivemos em um mundo em que a tecnologia é criada para ser obsoleta. Eu não amo esse tipo de tecnologia. Eu só amo a tecnologia que está nas minhas lembranças, a que eu posso batizar. Em Pacific Rim, o design, a forma e função de cada robô, representa um tipo de personalidade. Os pilotos os batizam como navios eram batizados. Eu quero que você sofra a dor do robô, pois quando ele é ferido seus pilotos são feridos".
Os presentes aproveitaram a imprensa para explicar alguns dos personagens secundários. Ron Perlman - colaborador recorrente de Del Toro - explicou que seu personagem é um traficante de partes de kaiju, os monstros gigantes, para aplicações "medicinais e recreativas". Ele não tem escrúpulos e é amoral, um sujeito que vive e lucra com a guerra. "Eu conheço esse cara e escrevi o papel especialmente para ele. Eu sei do que ele gosta!", riu Del Toro.
Outro personagem, o cientista interpretado por Charlie Day, "vê a beleza nesses monstros e dedicou sua vida a estudar essas criaturas. Ele tem algumas ideias bizarras sobre os motivos dos ataques deles e sai em uma busca para tentar provar essa teoria".
Del Toro encerrou a conversa dizendo que a adaptação de Pinóquio ainda está procurando financiamento. "Mas estamos na fase de redesign. Só que não sei o que vou fazer a seguir. Pode ser que seja ele, pode ser que não. Aprendi que todas as vezes que falo extamente qual será meu próximo filme será eu não consigo fazê-lo", comentou, referindo-se ao período de anos que passou sem filmar depois que sua versão de O Hobbit e o filme Nas Montanhas da Loucura não deram certo.
A estreia de Pacific Rim está marcada para 10 de maio de 2013.
Via Omelete/Érico Borgo
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